domingo, 27 de março de 2011

Artigo escrito pelo filho Israel em Fev. de 2008

ARTIGO
MINHA MÂE.
Minha mãe, Genésia Lima Virginio, faleceu dia 10 de setembro de 2007, às 13:15, aproximadamente, no Hospital Ortopédico de Goiânia em Goiânia-GO. Causa mortís: tumor cerebral (GLIOBLASTOMA MULTIFORME TIPO II), acidente vascular cerebral e falência de múltiplos órgãos.
Natural, ou violenta, a morte é sempre terrível, inaceitável, aterradora. “Das coisas terríveis, a mais terrível é a morte, porque é uma, porque é certa e porque é imprevisível”, escreve em sua Medicina Legal o professor Genival Veloso de França.
Durante o velório, inúmeras vezes (calado, machucado, mas traspassado pela dor do indizível e aterrador sentimento de perda, acompanhado do característico nó na garganta), olho reiteradas vezes o corpo inerte da minha mãe. Agora, sem a vida, tudo torna imensamente frágil a mais forte de todas as mulheres, a mais corajosa, a admirável, a nunca incomparável, aquela que ao longo de toda sua vida foi temente a DEUS, foi minha protetora, minha heroína, notadamente nos anos sofridos, mas dourados, da minha infância paupérrima. Seu rosto pálido, os lábios desidratados, os olhos fechados, as mãos indubitavelmente frias cruzadas sobre seu corpo, o semblante das pessoas ao redor e toda a gravidade do ambiente expressava de forma inconfundível, mesmo sem qualquer palavra (silêncio eloqüente), a cruel realidade que eu muito gostaria fosse um pesadelo apenas: minha mãe está morta.
Sou pai e sei, por isso, o que meus filhos são para mim, assim como posso, com efeito, imaginar com a exatidão do conhecimento de causa o que eu e meus irmãos fomos para minha mãe, notadamente quando éramos crianças. Seus sonhos, anseios, aspirações a nosso respeito; seus medos, receios, suas angústias. Terceiro filho que sou, conheci antes que meus quatros posteriores irmãos e, mas do que eles (Conheceu um passado muito difícil para ela e ficou pouco com ela, nos depois de vc ficamos com ela ainda por alguns anos, anos que vc não se fez presente, portanto não sabe bem o que houve, foram muitas dificuldades para sobreviver a falta de coisas que precisávamos, eu sei de muitos anseios dela, qdo vim embora deixei para traz pessoas que amava muito, vim pensando que poderia achar o melhor para eles para que pudesse pelo menos ajudar em suas dificuldades, pedir isso a Deus, nos aqui conhecemos as vontades entendíamos o porque de muitas vezes ela falar tão alto, mamãe chorou muitas vezes expondo para mim coisas que nunca imaginei ouvir) os sonhos dela a nosso respeito, a respeito da vida como um todo. Mais do que isso ela os compartilhava com todos os filhos. Tinha obsessivamente um projeto de realização pessoal, o de construir a nossa casa, ali, bem ali na majestosa e cobiçada Avenida Antonio Maia no centro da cidade de Marabá. Buscou incessantemente, aguerridamente, exaustivamente a realização do seu maior sonho, que era a tão sonhada e imaginada CASA, fato que se concretizou parcialmente. (e não foi do agrado dela, ela queria um lar e não um ponto comercial)
Quantas e quantas vezes minha mãe saía às pressas para o laboro no colégio Plínio Pinheiro Neto, por conta das responsabilidades das atividades domésticas, muitas das vezes sem a completa alimentação, a primeira grande alimentação do dia (almoço), para fazer valer seu compromisso com o vínculo empregatício que mantinha como servidora estadual naquele estabelecimento de ensino. E ali chegando se deparava com outras tarefas consideradas pesadas para a atividade feminina, mas mesmo assim, mantinha no seu íntimo o sentimento de realização de ter um emprego que lhe proporcionava no final de cada mês de trabalho árduo, sofrido e cansado uma renda, que lhes auxiliava a garantir o sustento da família, econômica como era conhecida, conseguia poupar alguns trocados para aplicação na construção da nossa casa. Não obstante, seu maior de todos os sonhos não foi completamente consumado, interrompido, face ao aparecimento de uma anomalia crônica que cerceou de forma cruel sua tão importante vida.

Calado, fico a pesar nas muitas vezes em que, certamente, aquelas mãos agora inertes e sem vida, então cheia de vigor, me seguraram, me acariciaram, me jogaram para o alto, me protegeram. Quantas vezes sem dúvidas ela me beijou a fronte, os cabelos, enfim, o corpo inteiro de criança, então cheio de vida e vigor, aqueles lábios agora ressequidos e mortos. A morte, ah, como é terrível!
Não digo nada; fico calado. Apenas murmuro, de mim para mim mesmo, no meu sentimento profundo da impotência de todos diante do mais terrível inimigo do homem: a morte. Minha mãe, minha pobre mãe, a morte tirou você deste mundo, encerrando neste dia os dias de uma sofrida história que começou nos cocais Maranhense, mas precisamente na pacata cidade de Presidente Dutra, como preconiza em sua certidão de nascimento, e sucumbindo na linda cidade de Goiânia, onde sempre nutriu desejo de morar; que ironia! Mas não será capaz de tirá-lo do meu coração! Vivo ou morto, a minha mãe é sempre mãe, como, vivo ou morto, o pai é sempre pai, o filho é sempre filho.
Ah, minha mãe, como gostaria de descrever no texto mais lindo de todos, fosse em prosa ou em versos, seu caráter, sua pessoa, seu espírito de luta, sua dedicação com as palavras de DEUS, seus sonhos de toda a vida que não se concretizaram, sua figura de mulher pobre, simples, sofredora, semi-analfabeta, mas acima de tudo, lutadora, sonhadora, trabalhadora impoluta, mãe extremada!

Não obstante, o anelo do meu coração, não consigo fazê-lo: fracassei! Mãe, eu fracassei! Eu, que, malgrado as tentativas que fizera, jamais tive palavras para descrever no texto mais lindo, fosse em prosa ou em versos, como acalentei ao longo de anos, e minha vida, fracassei mais uma vez: tudo que escrever para descrevê-lo será inexpressivo, incompleto! Só me resta, todavia, dizer, sem palavras bonitas: mulher generosa, carinhosa você foi, é e sempre será minha heroína.



Autor: Filho
ISRAEL LIMA RIBEIRO
Acadêmico do curso de Direito da Faculdade de Belém.

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