domingo, 27 de março de 2011

Postado por www.ribamarribeirojunior.blogspot.com às 16:29

Ao meu pai -

Para onde fores, Pai, para onde fores
Irei também, trilhando as mesmas ruas…
Tu, para amenizar as dores tuas,
Eu, para amenizar as minhas dores!
Que coisa triste! O campo tão sem flores,
E eu tão sem crença e as árvores tão nuas
E tu. Gemendo, e o horror de nossas duas
Magoas crescendo e se fazendo horrores!
Magoaram-te, meu Pai?! Que mão sombria,
Indiferente aos mil tormentos teus
De assim magoar-te sem pesar havia?!
- Seria a mão de Deus?! Mas Deus enfim
É bom, é justo, e sendo justo, Deus,
Deus não havia de magoar-te assim!
II
Madrugada de sete de junho.
sonhando, acordo com o telefonema, o oficio da agonia
Meu Pai nessa hora junto a mim morria
Sem gemido, assim como um cordeiro!
E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro!
Quando acordei, cuidei que ele dormia
E disse ao meu irmão papai se foi!
“Acorda-o”! vamos vê-lo.
E saí para ver a Natureza!
Em tudo o mesmo abismo de beleza
Nem uma névoa no estralado véu…
Mas pareceu-me, entre as estrelas flóreas,
Como Elias, num carro azul de glórias,
Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu!
E suas contruções aqui na terra para provar que em vida,
se fez com suor e trabalho.

(POEMA DE AUGUSTO DOS ANJOS, ADAPTADO POR ESTE POSTER)

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